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Cuidado com as armadilhas de carreira: não entre na gaiola de ouro!

Publicado no dia: Qui, 9. Mai 2024
Cuidado com as armadilhas de carreira: não entre na gaiola de ouro!
A gaiola de ouro é uma das armadilhas de carreira mais comum em nosso país atualmente, agravada pelos altos índices de desemprego e crises econômicas que vivemos nos últimos anos. 

Ela acontece quando o profissional está empregado em uma organização, recebendo uma boa remuneração (adequada para manter seu padrão de vida), mas realizando um trabalho que não lhe proporciona satisfação profissional e nem permite realização pessoal. Esse profissional chega em casa cansado, sem ânimo para enfrentar o próximo dia, muitas vezes tem seus valores e princípios colocados em cheque por gestores e pares e pode até mesmo se sentir ofendido pelo modo de agir da organização, mas, como não identifica oportunidades mais atraentes no mercado de trabalho, permanece ali.

Os impactos prejudiciais na vida do profissional acontecem no médio e longo prazo: a escolha por manter o padrão remuneratório custa seu bem-estar, resultando em esgotamento e até mesmo depressão, entre outros problemas psicossociais. Sair da gaiola de ouro demanda muito esforço e a aceitação de que isso pode implicar em limitações em seu estilo de vida. A dica mais preciosa é: não entre na gaiola! Se você já está dentro de uma, é hora de pensar uma transição de carreira, identificar atividades que podem ser realizadas em paralelo para construir uma independência financeira em relação ao seu emprego atual. É interessante notar que a pandemia da COVID19 foi um gatilho para diversos profissionais voarem de suas gaiolas, no movimento que vem sendo denominado “the great resignation” (“grande renúncia”).

Mas por que existem gaiolas de ouro? Alguns casos, são decorrentes de uma estratégia deliberada da empresa para aumentar a atratividade de posições muito difíceis para contratar. Todavia, do que observamos no mercado, a maior frequência é decorrente de políticas de remuneração inadequadas. Por exemplo, aumentos salariais e promoções baseadas exclusivamente no tempo de casa, sem considerar o estágio de desenvolvimento do profissional, criam um desequilíbrio entre o valor que o profissional gera para a organização e o que ele recebe em contrapartida, como remuneração. Assim, ele recebe um salário que não é compatível com sua atuação comparado com o mercado, impossibilitando sua recolocação em outras organizações sem prejuízo em sua remuneração. Outra fonte de gaiolas de ouro são os concursos públicos. Nesses casos, não se trata tanto do valor da remuneração, mas da estabilidade percebida pelos profissionais.  

Do ponto de vista das organizações, as gaiolas de ouro significam profissionais entrincheirados (termo proveniente da teoria do comportamento organizacional), isto é, desengajados (utilizando a linguagem mais usual). Entrincheirar-se significa colocar-se em uma trincheira para se proteger do ambiente, de modo a minimizar sua relação com outras pessoas da empresa e manter o mínimo de envolvimento no trabalho. Também significa que não é possível avançar, fica-se parado por ali. Trata-se de um grande desafio para os gestores, visto que a competitividade das organizações depende de sua capacidade de inovar e criar processos e negócios, algo que fica limitado com profissionais entrincheirados. 

A área de Gestão de Pessoas pode auxiliar na identificação e orientação de profissionais entrincheirados com um processo estruturado de gestão do desempenho e de mapeamento de potenciais. Planos de ação para encorajar o desenvolvimento do profissional para que ele alcance o patamar de desempenho compatível com sua remuneração, revisão de suas atribuições/alocação e reorganização da equipe conforme perfil contribuem para tirar muitos profissionais das trincheiras. De qualquer forma, precisamos cuidar para não entrar nas gaiolas de ouro e para não as criar em nossas organizações. 
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