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Sua voz é ouvida em seu trabalho?

Publicado no dia: Qui, 9. Mai 2024
Sua voz é ouvida em seu trabalho?
Existe um crescente interesse organizacional sobre a voz individual de seus trabalhadores, atualmente percebida como uma ferramenta potente para obter agilidade organizacional e maiores níveis de inovação. Você conhece esse conceito?

A ideia de voz está presente em nosso cotidiano, como demonstram os ditos populares. Há tempos, afirma-se que “a voz do povo é a voz de Deus”, que “quem tem boca vai à Roma” e que “quem não chora, não mama”. Sem questionar suas origens ou possíveis variações ao longo do tempo, é possível reconhecer nesses ditos uma concepção favorável ao ato de um sujeito expressar suas vontades e opiniões, sendo uma forma de buscar o atendimento das necessidades de um grupo (“povo”) ou um instrumento para alcançar objetivos individuais (“ir à Roma”). Todavia, a cultura popular brasileira também alerta dos perigos associados à voz, afinal, “quem diz verdades, perde amizades” e “a palavra é de prata, mas o silêncio é de ouro”. 

Pesquisas acadêmicas internacionais sobre a voz do trabalhador adotam uma concepção semelhante à do senso comum brasileiro: a voz é vista como uma ação que permite alcançar resultados positivos, tanto para o trabalhador quanto para a organização em que trabalha, pois é quando o empregado expressa suas insatisfações e ideias sobre os mais diversos temas; mas que se apresenta inerentemente arriscada, isto é, que pode acarretar consequências negativas para quem vozeia. 

Sobre os resultados positivos, há uma lista extensa incluindo desde melhor desempenho dos empregados, maior percepção de justiça organizacional, maior nível de criatividade e inovação do grupo, maior qualidade das decisões organizacionais, menor rotatividade, maior aprendizagem e melhores resultados organizacionais, entre outros. Por outro lado, a lista também é extensa para as consequências individuais negativas, visto que trabalhadores que vozeiam podem, por exemplo, ter suas avaliações formais de desempenho reduzidas e suas oportunidades de carreira limitadas quando não houver abertura ou aceitação do comportamento (o empregado é visto como o “causador de problemas”). 

Essa dualidade torna a voz em um fenômeno intrigante: será ela de fato desejada (e respeitada) pelas organizações? Como encorajar os empregados a vozear quando isso está associado a tantos riscos à carreira dos indivíduos? Os resultados da pesquisa de Michele Ruzon, consultora da Growth, apresentados no livro “A voz do empregado brasileiro: uma análise da intenção de vozear em empresas privadas de grande porte” sinalizam que a adoção de mecanismos de voz por iniciativa da empresa facilitam o comportamento de vozear, destacando-se os encontros periódicos dos empregados com o corpo diretivo, os grupos de discussão formais e os programas institucionais para adoção de ideias advindas dos empregados.

Todavia, os dados também apontam para a possibilidade de uma retórica organizacional, isto é, quando as políticas de gestão de pessoas incentivam um comportamento, mas na prática, o comportamento inverso que é valorizado. Apesar da existência de diversos mecanismos de voz nas organizações pesquisadas, os empregados com maior capacidade de leitura sobre o funcionamento da empresa (aqueles com maior nível de escolaridade e maior tempo de experiência) são os que apresentam menor intenção de vozear.

E você? Acha que os ganhos de vozear superam os riscos no seu contexto de trabalho?
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